As notícias não
são boas.
Se você está com o
caminhão vazio, não carregue.
Se você está com o
caminhão carregado, não viaje.
O Ministério Público do
Trabalho, aliado à Secretaria de Relações do
Trabalho do Ministério do Trabalho, está anunciando de
forma agressiva e ameaçadora o início, a partir de hoje,
de maneira intensificada e em todas as rodovias do país, da
rigorosa fiscalização e punições relativas
às regras impostas pela Lei 12619/12 (tempo de
direção e descanso).
Ocorre que, para cumprir a Lei, o
transportador terá de ter um aumento mínimo no valor do
frete em média de 35% (trinta e cinco por cento) para fazer jus
à queda de produtividade, redução do número
de viagens, motoristas auxiliares, despesas com estacionamento,
além de outras, cujos aumentos nos valores dos fretes o
contratante da carga não tem como bancar. Embarcadores de cargas
de alguns pontos do país, no dia de hoje, já suspenderam
os carregamentos, por total impossibilidade de reajustar os valores dos
fretes.
Isso significa dizer que a economia do
país está comprometida. A situação é
gravíssima e atinge diretamente a produção,
exportação e importação. Segundo
informações, os setores mais afetados são a
siderurgia, mineração, agricultura, estoque regulador do
governo, combustíveis, montadoras de veículos, Ceasas,
materiais de construção, frigoríficos enfim, a
economia em um todo. Para cumprir a Lei todos os combustíveis
terão de aumentar significativamente de preços.
Portanto, neste momento, não somos
nós transportadores os mais prejudicados com a Lei e sim a
própria economia do país e o próprio governo.
Como entender um governo que vem a
público, em cadeia nacional de televisão, informar o
investimento de bilhões de reais em rodovias com o
propósito de reduzir os valores dos fretes e permite entrar em
vigor uma lei com regras absurdas como essa e que acarretará o
inverso, ou seja, um aumento dessa dimensão nos valores dos
fretes?
Como entender uma política dessa,
exatamente no momento em que o governo anuncia quase que diariamente,
medidas de cobate à crise econômica mundial como
redução de impostos, incremento a produção,
incentivo ao consumo e aumento de empregos?
Onde está a equipe econômica
do governo que ainda não percebeu a gravidade da
situação?
O país não pode naufragar por
incompetência administrativa. Preferimos acreditar que o que
está confundindo o governo seja a incoerente pressão que
vem sofrendo do Ministério Público do Trabalho, da
Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério
do Trabalho e das “Confederações” de
trabalhadores que, baseadas nas suas filosofias dos “direitos dos
trabalhadores” e das “conquistas dos trabalhadores”
estejam muito mais inclinadas nas generosas arrecadações
que advirão dos Passivos Trabalhistas, provocadas pela Lei.
Assim, urge a necessidade do governo
determinar medidas de maneira a suspender imediatamente a
fiscalização e proceder as respectivas
correções no texto da Lei.
Diante do gravíssimo quadro que se
apresenta neste momento, e até que as coisas comecem a clarear,
nossa orientação a todos os transportadores
rodoviários de cargas é a seguinte:
· Se o caminhão está
vazio, não carregue. A não ser que o contratante reajuste
o frete em pelo menos 35% (trinta e cinco por cento), o que é
quase impossível acontecer;
· Se o caminhão está
carregado, não viaje. A não ser que o contratante
concorde em complementar o frete em pelo menos 35% (trinta e cinco por
cento), o que também será muito difícil conseguir;
· Não decida correr o risco
de viajar assim mesmo. Em qualquer curva ou Posto de
Fiscalização das estradas está arriscado
você ser abordado pelas Polícias Rodoviárias e ter
de encarar sérios problemas relacionados a pesadas multas, perda
de pontos na CNH e até mesmo, dependendo da
situação, ter o veículo retido. Além do
mais, você já estará vulnerável a ter de
futuramente responder judicialmente pelo Passivo Trabalhista do
motorista que, dependendo das circunstâncias do processo,
você estará correndo o risco até mesmo de ter que
indenizar o motorista com o próprio caminhão.
Sabemos que muitos companheiros precisam
viajar por que tem prestações para pagar, além de
outras dívidas porém, desta vez não vale a pena
correr o risco, com grandes chances até mesmo de falir e ter de
mudar de profissão.
Se todos, sem exceção,
conscientizarem-se da gravidade da situação, assumirem as
suas responsabilidades individuais e se não viajarem, irá
ocorrer um colapso no transporte rodoviário de cargas do
país e o governo, em poucas horas, terá de definir as
soluções para a volta a normalidade.
Caso persista o tráfego de
caminhões em qualquer rodovia, estará caracterizado
tratar-se de transportadores irresponsáveis, preparados para
burlar a lei ou até mesmo utilizar-se de corrupção
junto à fiscalização nas rodovias. Outra
hipótese seria tratar-se de transportador desinformado e alheio
aos riscos que ele próprio está correndo e, neste caso,
como um gesto de companheirismo, informá-lo do problema e
convencê-lo a não prosseguir viagem.
Voltaremos a informar a qualquer momento.
Boa sorte à todos,
Nélio Botelho
MUBC